*Conteúdo Gratuito
Durante dias a fio, Alex manteve-se recluso em seu quarto, enjaulado em seus próprios pensamentos. Ele estava preso naquela clínica há tanto tempo que já não tinha certeza do que era real ou imaginário. Sua mente estava tão fragmentada que ele mal conseguia lembrar de sua própria família. Tudo em sua memória era apenas um conjunto de lapsos sem nexo de espaço ou tempo.
Nesse estado de desconexão Alex conheceu Ethan, um paciente aparentemente normal que, a partir de sua internação, começou a compartilhar o mesmo quarto. Ethan era um rapaz amigável e confiável, com quem Alex estabeleceu uma conexão instantânea. Eles conversavam sobre tudo, desde cultura geek a histórias pessoais, e Alex sentia-se aliviado por ter finalmente encontrado um amigo em meio à solidão daquele lugar.
Certo dia, Ethan fez uma proposta surpreendente: a dupla deveria fugir da clínica. Alex, inicialmente relutou, mas Ethan prometeu que eles encontrariam um lugar seguro para viver fora das paredes claustrofóbicas daquele lugar cheio de regras, silencioso e sombrio.
Apesar de suas dúvidas, Alex decidiu seguir com o plano de fuga sugerido por Ethan. Ethan explicou detalhadamente a estratégia, que envolvia deixar a porta do quarto destrancada, passar pelo corredor principal e escapar pelos fundos. Tudo parecia bem planejado e, com o passar do tempo, Alex começou a sentir-se animado com a perspectiva de liberdade.
Eles esperaram por uma noite de tempestade, quando os enfermeiros estavam distraídos e o som da chuva escondia o barulho de seus movimentos. Alex e Ethan seguiram o plano à risca e conseguiram deixar a porta do quarto apenas encostada e, sem serem vistos, saíram. O coração de Alex batia acelerado, enquanto seguia Ethan pelo corredor escuro e úmido.
Quando finalmente chegaram à porta dos fundos, Ethan forçou a maçaneta com um clips de papel desdobrado e destrancou a fechadura. A porta rangeu ao ser aberta e Alex sentiu o vento fresco do lado de fora tocar seu rosto. Eles correram para uma estrada próxima, rumo à mata escura, sem olhar para trás. A chuva ainda caía.
Durante os primeiros dias, a fuga foi emocionante e libertadora. Eles se sentiam livres e aproveitavam ao máximo, explorando lugares novos e fazendo amizades com os moradores nos arredores da zona rural daquela região. No entanto, depois de algum tempo, Alex começou a notar coisas estranhas acontecendo.
Ethan estava sempre ausente em momentos cruciais, como quando Alex precisava de ajuda para encontrar um lugar para dormir ou para conseguir comida. Além disso, ele parecia sempre saber quando as coisas estavam prestes a dar errado, como se tivesse uma premonição.
Alex começou a ficar paranoico e perguntou a Ethan por que frequentemente ele sumia. Mas Ethan sempre tinha uma desculpa convincente e, em última análise, Alex acabava acreditando nas suas justificativas.
No entanto, as coisas finalmente atingiram um ponto crítico quando eles foram descobertos por uma patrulha da polícia. A clínica denunciara a fuga e por dias uma equipe de resgate os procurava pela mata.
Dentro do veículo, a caminho da instituição, Alex tentava focar em um ponto de luz distante daquela estrada escura. Sorrindo, perguntou ao amigo “Quando será a próxima fuga?”. A pergunta não respondida fez com que virasse seu rosto para encontrar o porquê do silêncio. Atordoado, não conseguia entender como ou quando exatamente acontecera, mas o fato é que ele estava sozinho, escoltado naquele carro. Era inexplicável, mas, Alex finalmente percebeu que Ethan não estava com ele.
Mais tarde, deitado e insone, em seu quarto, sentia-se ansioso e inseguro. Não conseguia lembrar em que ponto da fuga perdera o amigo. Afinal, onde Ethan estaria?

Deixar mensagem para Luis_Storyteller Cancelar resposta