O Voo do Terror

A neblina da madrugada envolvia as ruas da cidade quase como um manto.  Após mais um dia agitado no trabalho, Henry se permitia relaxar em seu refúgio particular, desfrutando de sua rotina noturna habitual.

Henry deslizou seu corpo cansado para o sofá de couro marrom, que afundava suavemente sob seu peso. Seus olhos percorreram a sala de estar iluminada por uma lâmpada de abajur, focando na estante de madeira escura repleta de livros e os quadros pendurados nas paredes de tom pastel. Embora não fosse um ambiente extravagante, havia algo reconfortante e familiar naquele espaço, que lhe transmitia uma sensação de segurança. Era sua casa, seu refúgio.

Depois de preparar um chá quente e ligar a TV em um volume baixo, Henry aconchegou-se no sofá, pronto para aproveitar alguns momentos de tranquilidade antes de ir ao seu quarto e cair no sono. Ele sabia que sua rotina noturna pouco mudava – uma xícara de chá, alguns podcasts e então a cama. Mas era exatamente essa previsibilidade que Henry apreciava, pois o ajudava a esquecer os estresses do dia e se sentir em paz.

Enquanto o chá esfriava em suas mãos, Henry deixou seu olhar vagar pela janela. A rua estava escura, com apenas alguns postes de iluminação pública marcando o caminho. Aquela visão noturna era quase hipnótica, e Henry sentiu seus olhos começarem a pesar. O silêncio da casa, interrompido apenas pelos sons surdos da TV, o envolveu.

De repente, um ruído estranho o sobressaltou. Um rangido, como de madeira se movendo, ecoou pela sala de estar, e Henry franziu o cenho, alerta. Seus olhos percorreram o ambiente, procurando a fonte do som. Tudo parecia em ordem, até que um novo barulho, semelhante a um bater de asas, chamou sua atenção.

Henry ficou imóvel, o coração acelerando, o sangue correndo gélido. Aquele não era um som comum em sua casa. Lentamente, ele colocou a xícara sobre a mesinha de centro e se levantou, os sentidos em alerta. Seus passos cautelosos ecoaram no silêncio da sala enquanto ele se aproximava da janela, tentando enxergar alguma coisa lá fora.

Nada. A rua continuava escura e deserta. Henry franziu o cenho, confuso. Talvez fosse apenas sua imaginação, ou algum barulho vindo do lado de fora. Ele hesitou por um momento, mas então decidiu voltar ao sofá, disposto a ignorar o incidente e retomar sua noite tranquila.

Entretanto, assim que se virou, algo captou o canto de seu olhar. Uma sombra se moveu rápida e silenciosamente pela sala. Henry congelou, os olhos arregalados, o medo subindo por sua espinha. Lentamente, ele virou a cabeça, o coração martelando em seu peito.

Lá, pousado em um dos cantos da sala, estava um morcego. Mas não era um morcego comum – seus olhos brilhavam com uma intensidade sobrenatural, e suas asas membranosas pareciam se fundir com as sombras. Henry sentiu um arrepio percorrer seu corpo ao encarar aquela criatura inquietante.

Por alguns instantes, os dois se encararam, Henry paralisado pelo pavor. O morcego, por sua vez, parecia observá-lo com um interesse perturbador, seus olhos cravados nos de Henry. O homem engoliu em seco, tentando desesperadamente manter a calma, mas seu corpo todo tremia.

“Isso não pode estar acontecendo”, murmurou Henry, sua voz trêmula. “Isso não pode ser real.”

Não era possível que existisse um morcego daquele tamanho; com aqueles traços e trejeitos humanos. Mas a presença do morcego era inegável, e Henry sabia que precisava agir. Lentamente, ele começou a recuar em direção à parede, mantendo os olhos fixos na criatura. Sua mão tateou a superfície em busca do interruptor da luz, na esperança de que a iluminação pudesse afastá-lo.

Quando seus dedos finalmente encontraram o interruptor, Henry o acionou com um clique. A sala se iluminou, e o morcego se agitou, soltando um guincho estridente. Suas asas começaram a bater freneticamente, e ele voou pelo ambiente, derrubando objetos em seu caminho.

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