Livro A invenção da Solidão – Paul Auster

Paul Auster não é apenas o meu autor vivo preferido como também, é o autor do livro que mais emocionou-me em 2009. A invenção da Solidão chegou até mim através de uma sequência de coincidências. Já tinha lido trechos de Paul relacionados ao existencialismo kierkegaardiano na faculdade. E ele era um daqueles autores que a gente pensa em incluir na próxima lista de futuras leituras. Uma coincidente promoção de livros  me fez decidir não adiar a descoberta do mundo literário deste autor.
Neste livro, Paul – um dos autores mais vendido do New York Times – tece uma rede de memórias, comoventes e pessoais sobre a paternidade. A obra está dividida em duas partes. Na primeira, Auster transita através das memórias do seu pai, que era um homem distante, rígido e frio, e que morreu de repente. Na segunda seção, sua perspectiva muda e Auster começa a descobrir sua própria identidade como pai, através da voz de um narrador, “A.”. Nesta teia de situações, coincidências e associações “A”, contempla a separação paterna, transformando a história numa reflexão auto-consciente sobre o processo de elaboração da própria escrita.
A morte súbita de seu pai desperta a frustração universal que temos diante daquilo que nos passa sem respostas. Buscar tardiamente a razão das coisas sobre pessoas que estavam ao nosso lado e que enquanto estavam sequer percebíamos a curiosidade que tínhamos sobre as mesmas…
Desde que soube do falecimento, Auster sabia que teria de escrever a respeito. Não tinha um plano, não tinha uma ideia precisa do que isto significava. Tinha uma única certeza: que o seu pai desapareceu. e que “Se eu não agir rapidamente, toda a sua vida desaparecerá juntamente com ele”. A cada página que passa assistimos um resgate conscientemente de uma autoconsciência que ocasionalmente afeta o estilo e a forma do seu relato literário.
Neste livro, Paul Auster tenta salvar a vida do seu pai de desaparecer juntamente com a existência dele. E, ler “A Invenção da Solidão” fez-me, naquela época, identificar os mortos que eu gostaria que não morresse ou que, ao menos, permanecessem aqui comigo.

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